LATAMCHEQUEA

Sem checagem, vence a mentira

O jornalismo de checagem é essencial para sustentar a qualidade das democracias em tempos de polarização. Quando tudo parece dividido, o jornalismo baseado em fatos ajuda a reconstruir uma base comum para o debate público. Verificar informações é mais do que corrigir erros: é defender o direito das pessoas de decidir com evidências, e não com mentiras.

A LatamChequea faz um chamado urgente a financiadores, plataformas e governos para que defendam a checagem, pois trata-se do direito das pessoas à informação. Quando esse direito é enfraquecido, o que está em jogo não é apenas o jornalismo, mas a própria saúde das nossas democracias.

As organizações de checagem na América Latina enfrentam uma tempestade perfeita. A ruptura da cooperação internacional dos Estados Unidos afeta a sustentabilidade de muitos projetos, um cenário que só favorece aqueles que produzem desinformação. Chamamos os financiadores do mundo comprometidos com a integridade da informação a se posicionarem. As sociedades da América Latina, em sua diversidade de identidades e culturas, precisam de meios independentes e sustentáveis para mitigar os danos reais da desinformação sobre os direitos dos cidadãos e a qualidade democrática.

As plataformas de redes sociais devem fazer parte da solução, não somente do problema. Precisamos de mais transparência, não menos. Exigimos que as plataformas concedam maior acesso a dados e colaborem com quem combate a desinformação. Em especial, apelamos à Meta para que reverta a decisão de encerrar o programa de checagem independente nos Estados Unidos — uma medida que expõe ainda mais milhões de norte-americanos à desinformação e ameaça o restante do mundo.

As empresas de inteligência artificial devem assumir sua responsabilidade na luta contra a desinformação. É urgente que treinem seus modelos de forma ética, implementem mecanismos para garantir a veracidade dos conteúdos que geram e aceitem a colaboração de checadores especialistas para assegurar a integridade da informação.

Aos governos e legisladores da região, dizemos com clareza: proteger a liberdade de expressão é seu dever. As leis que criminalizam o financiamento internacional em países como Paraguai, Peru, Venezuela e El Salvador — somando-se a normas semelhantes aprovadas na Nicarágua e na Guatemala desde o início desta década — não protegem a soberania, são, isso sim, tentativas de silenciar veículos  e organizações que trabalham com transparência e a serviço da cidadania. Essas leis devem ser revogadas.

Sem checagem, vence a mentira. Defendemos o direito à informação como um direito humano e um bem público. Não aceitaremos retrocessos.